O
documentário “Muito Além do Cidadão Kane”, de 1993, é uma daquelas
obras com a rara capacidade de ficar mais atuais à medida que o tempo
passa — um, por sua qualidade, dois, pela falta completa de algo
parecido.
Conta a história de Roberto Marinho e da Globo. Nos 50 anos do golpe,
ajuda a compreender uma relação umbilical e uma, digamos,
retroalimentação em que uma das partes teve fim — a ditadura — e a outra
seguiu firme e forte.
“Beyond Citizen Kane” foi produzido pelo Canal 4 britânico e dirigido
por Simon Hartog, cineasta independente que começou a carreira nos anos
60. Hartog morreu quando o filme estava sendo editado. Não pôde ver seu
impacto.
Foi exibido na Inglaterra. A Globo tentou comprar os direitos para se
livrar dele, mas Hartog já havia se precavido contra isso numa
cláusula. Em seguida, entrou na Justiça para proibir sua exibição no MAM
do Rio em março de 1994 — e ganhou, naturalmente. Os pôsteres foram
recolhidos pela polícia.
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